quarta-feira, 17 de abril de 2019

Essa é você


Ela vive disso, garota, você não. Ela precisa da aprovação dos outros, de tentar se encaixar, mesmo se desencaixando, de preencher vazios, mesmo que em vão, de elogios, olhares, mensagens, desejos. Mas você não. Você aprendeu a ser inteira, a se respeitar, a se amar e, hoje, depois de tantos tombos, você sabe exatamente o que quer e o que não quer, quais caminhos seguir, o que te faz bem e que peso exato consegue carregar.

Não se cobre tanto… não se compare… você é única e ninguém nunca será igual a você. E não tente parecer com ninguém, não se boicote, não se submeta, não se iguale, exatamente porque você é inigualável. Seja sempre fiel a essa voz que ressoa pulsante aí dentro de você. Ela é seu guia, ela é seu caminho, ela é a sua luz. Ela é você!

Esteja aberta aos ronronares dessa voz que tantas vezes deseja falar com você falidamente. Seja porque você está ocupada demais com coisas de menos, seja porque o barulho lá fora abafa essa voz aí dentro ou porque você simplesmente não se abre para escutá-la. Para toda e qualquer situação, ela vai ter uma palavrinha para você que vai te trazer conforto, segurança, direção e paz.

Não se perca pelo meio do caminho tentando agradar, fazer parte, se igualar. Não se viole se entregando a relações sem sentido só para fazer parte ou cumprir metas. Essa não é você. Não vista a roupa que não te cabe para parecer ser o que não é, nem se comporte da maneira que esperam só para agradar. Não!!! Será que você não percebe que a sua riqueza está exatamente em ser como você é? E quem vier, virá por todas essas suas características únicas e singulares: discreta, um pouco tímida, às vezes medrosa, outras vezes, corajosa demais, guerreira, engajada, batalhadora e dona de um coração puro demais. Essa sim é você!

Enquanto ela se abre a todos, se despe por inteiro e se entrega a estranhos, você se reserva apenas a quem confia, como forma de se proteger e se resguardar. Enquanto ela sai todos os sábados e domingos numa tentativa incessante de encontrar companhia, você já tem a sua própria. Enquanto ela volta para casa no final da noite triste e deprimida, você agradece a paz e a tranquilidade sempre tão almejados. Enquanto ela tem altos e baixos constantes revesando entre o choro e a gargalhada, você se mantém em equilíbrio, sóbria, focada, necessitando de pouco para ser feliz.

Se enxergue. Se valorize. Se ame! E não deixe que nada nem ninguém tire de você esse brilho seja porque o elogio não foi para você, porque você não foi a sorteada da Mega Sena, porque não ganhou o prêmio Nobel. É no silêncio persistente que você se revela. E que pena que só você ainda não vê isso...




terça-feira, 16 de abril de 2019

Amiga de mim


Algumas vezes, me cobro entender que tudo é como tem que ser, que todas as pessoas estão nos lugares onde deveriam estar e que nada sai errado e sim diferente da forma como gostaríamos que fosse. Sei, aliás, tenho certeza de que minha essência, agrade aos outros ou não, é meu bem maior. É ela quem me conduz e é ela que atrai ou repele as pessoas que devem entrar ou não na minha vida.

Sei que me cobro muito, que me chicoteio algumas vezes com repreensões massivas, mas hoje, quando isso chega a acontecer, me coloco no colo e me digo: “calma, tá tudo bem. Eu te amo mesmo assim. Você é perfeita.” E isso é o bastante e reconfortante a ponto de eu me sentir acolhida novamente.

Quando vejo que as coisas não saíram conforme o planejado, me entrego num movimento de doação, confiante de que estou sendo levada a algo muito maior. E agradeço por todo cuidado que sei que o Universo tem comigo. Isso me acalma e me traz segurança. Me lembro nessas horas de que não há o que temer.

Todo esse movimento me liberta de qualquer sentimento de competição, tapo os ouvidos às vozes do ego e sigo o meu caminho ciente de que devo seguir pela esquerda, pelo coração, e não pela razão, pelo olho por e olho e dente por dente. Essa não sou eu. Tenho sido cada vez mais amiga comigo mesma, mais parceira, mais empática e complacente. O meu exercício tem sido o de me colocar no meu lugar e tentar ver as coisas de um outro ângulo. Procuro sair da minha posição de origem e ver as coisas de fora, como uma expectadora de mim mesma. E por incrível que pareça, tem funcionado.


segunda-feira, 8 de abril de 2019

Proteção


Atualmente, quando saio de casa, peço proteção a todos os seres desse e de outros planos. Proteção, principalmente, para que eu não me envolva com quem não me merece, com quem não me quer, com quem não vibra na mesma vibe que eu, com quem não me acrescenta nada, com quem vai me fazer sofrer.

Com o tempo, fui entendendo que se relacionar requer muitos investimentos: de tempo, de dinheiro, mas, principalmente, emocional. A gente tem um prazo para se reconstituir depois de um relacionamento que chegou ao fim. A mente da gente nos faz várias perguntas para as quais não temos muitas respostas seguras.

Não é fácil estar bem e equilibrado nesse mundo agitado, cheio de cobranças e julgamentos. Me vejo, às vezes, me justificando para mim mesma as atitudes que tive, as coisas que fiz e pensei, meu modo de agir, numa tentativa de ser aceita por mim mesma. É uma luta constante estarmos em paz. Parece contraditório, mas é assim que funciona. Há uma luta interna para que as coisas caminhem bem. E, depois de muito treino, leituras e mais leituras, exercícios constantes de autoconhecimento, investir naquilo que gosto, alcançar objetivos e me amar cada vez mais, definitivamente, não quero mais entregar de bandeja meu coração para qualquer um.

É um esforço constante estar bem para de repente entregar minha paz para quem não merece. Aliás, ninguém merece levar nossa paz, ninguém. Só a gente sabe o quanto é difícil estar estável emocionalmente num relacionamento. Em especial, quando estamos ainda num processo de amor próprio. E é por isso que toda vez que saio de casa, peço proteção para que meus olhos não enganem meu coração, para que eu não caia em mais uma daquelas armadilhas que são armadas para quem é imaturo e inocente.

Hoje, entendo que todo mundo que entra e sai da minha vida dura o tempo necessário para me trazer aprendizados e que ninguém tem que ficar com prazo de validade vencido. Por outro lado, a experiência e a maturidade me fazem, nessa fase, saber quem vale e quem não vale a pena ser convidado para entrar na minha casa por uns dias ou para sempre.






sexta-feira, 5 de abril de 2019

Empatia


Hoje, olhando para trás, vejo tudo de uma forma muito clara. Sei como é difícil, para você, amar, se entregar, se ver suscetível, baixar a guarda e deixar que a vida te leve. Minha posição, hoje, é de empatia, e, por isso, me coloco no seu lugar, com todo o meu carinho e respeito.

Imagino que deva de fato ser difícil para você amar, se entregar, sofrer às vezes e chorar. Não é que para mim não seja. A diferença é que costumo me entregar de cabeça aos desafios da vida, venham como vier. Mais do que sofrer, me dói não ter vivido, não ter experimentado, me encher de “se” e criar uma fantasia pela ausência de realidade.

O que eu quero que saiba é que eu te entendo, compreendo seu medo, sua fuga, suas mentiras, sua evasão, seus escapismos. Eu também já vivi momentos assim. Eu também já senti o que você sente hoje, e, por isso, não me permito mais dizer “não” para os convites que a vida me faz. Porque depois que passa, a angústia é muito maior. A angústia por tudo que não foi vivido, pelo que poderia ter sido se eu tivesse me entregado, arriscado, pagado para ver. Esse “se”, no final das contas, mata muito mais do que qualquer dor ou sofrimento de um amor vivido com todos os seus desafios. O amor, quando vivido, trás alívio, paz e mais amor. Já a negação desse amor traz angústia, perguntas, uma constante volta ao passado ou projeções constantes ao futuro numa tentativa de burlar e boicotar o presente, como um castigo ou punição por essa “não entrega”.

Mas a vida ensina e hoje só posso afirmar tudo isso porque vivi toda essa angústia por todos os “nãos” que dei à vida como resposta aos convites que dela recebi. Hoje, por mais medo que me venha a qualquer convite que eu recebo, me desafio a responder sempre “sim” e me arrisco, mesmo com medo. Se sinto que meu coração tende a ir, ainda que a mente me alerte do contrário, digo “sim”. Não costumo trair meu coração e minha intuição como fazia antes.

E é por tudo isso que entendo todo o seu medo, todo o seu não revestido de “sim”, todas as suas crises existenciais, todas as recaídas, as dúvidas, e, apesar de toda a confusão aí dentro de você, quero que saiba que você tem toda a minha empatia, meu respeito, carinho e gratidão.

Sei que um dia você também vai entender tudo isso e todo esse medo que existe aí dentro de você vai se dissipar e se transformar em clareza, em entendimento, em transformação. Não posso nem quero voltar, retroceder, te procurar porque tudo isso já não me cabe mais, mas te envio todo o amor e gratidão que há dentro de mim, como forma de dizer “Gratidão pelo seu primeiro ‘sim’”. Foi esse seu sim que nos fez viver tudo o que vivemos e nos conhecermos dessa forma tão bonita, marcante e única.