segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Cansa

Tem horas que insistir cansa, se fazer presente cansa, não ter retorno cansa. Bater na mesma porta todos os dias cansa. Cansa não ter a pessoa ali do seu lado, cansa não ter planos para o futuro, cansa viver só de agora sem expectativa nenhuma. 

E é quando se está cansado que precisamos nos darmos um tempo. Um tempo para pensar, um tempo para reavaliar, um tempo colocar as coisas no lugar, para repensarmos as prioridades, realocarmos as peças do jogo. Um tempo para nós.  

Nessas horas, não devemos nos cobrar nada. Nada de querer acertos, de respeitar prazos, de fazer apenas o que é legalmente aceitável, de corresponder às expectativas alheias. É hora de tirarmos um tempo para nós, e só para nós, e ser egoísta sim. 

Tem horas que cansa e enche o saco ser legal, ser bonzinho, querer sempre o bem, não falar mal, não falar palavrão, sentar com as pernas fechadas, não mastigar de boca aberta, não falar de boca cheia. Às vezes, o que a gente mais quer é mandar o mundo &*%@, é gritar aos sete cantos que não aguentamos mais, é chorar alto, é arrancar essa dor e esse vazio do peito com as próprias mãos, é dizer “tô de altas”, cansei da brincadeira e quero sair do jogo. 

Mas aí, de repente, a gente descobre que nesse jogo as regras são outras, que se pararmos a brincadeira, não poderemos mais voltar quando quisermos e que a vitória consiste exatamente em não desistirmos. Então, a gente dá um tempinho, bebe uma água, respira um pouquinho e voltamos para o segundo tempo, tentando encontrar um motivo para irmos até o final, com ou sem prorrogação. 

No dia seguinte, depois de uma noite de sono, já com a cabeça fria, a gente acorda, olha lá para fora e vê aquele sol lindo, sorrindo para gente, nos esperando para começarmos mais um dia. A gente ouve o canto dos pássaros debaixo da nossa janela, sente a brisa bater no rosto e vê um dia novo inteirinho esperando a gente para ser feliz. Então, a gente respira fundo e pensa: “é preciso continuar”. E aos poucos a gente vai entendendo que o mundo precisa da gente, que somos peças importantes na construção de uma sociedade melhor, seja por ser quem somos, por pensar como pensamos, por fazer o que fazemos, por termos coragem de nos posicionar, não importa. O fato é que, de uma forma ou de outra, apesar de cansados, a luta continua e não podemos desistir porque o outro não correspondeu a nossas expectativas, ou porque não ganhou para a presidência o nosso candidato, ou porque ouvimos dos nossos familiares exatamente aquilo que jamais imaginávamos. Não!!! Pode parecer clichê, mas aquela velha frase “seja a diferença que deseja ver no mundo” faz sentido e é real.








sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Doi, mas vai passar


Meu coração doi um poquinho quando penso em você. Não de saudade, mas de dó. Dó por perceber que falta tanto ainda por percorrer e já todo esse cansaço. Dó pelo medo que se tem de viver, de ser quem é, de assumir suas escolhas, de sair para vida, de amar e ser feliz. Mas meu coração me diz que preciso respeitar o tempo, as escolhas e as experiências de cada um. Por isso o meu afastamento. Primeiro porque eu precisava saber ao certo o que queria, o que desejava e o que dava conta de arcar. Agora, que já me decidi; agora, que já fiz minhas escolhas e sigo o meu caminho, penso que é hora de deixá-lo viver o seu processo, de te permitir sentir as suas dores, de dar espaço para você fazer as suas escolhas e de te deixar tomar o seu rumo.

Percebi que no final das contas, só me sobravam as migalhas, como um cão que espera ansiosamente pelos farelos que caem da mesa farta. Percebi que era pouco demais para quem espera tanto, para quem deseja tanto, para quem merece tanto, para quem se doa tanto. Entendi que não preciso mendigar por amor se o maior amor do mundo está aqui dentro de mim. Você me fez esquecer disso, mas esse tempo que me dei me fez relembrar que sou imensa e assim meu coração e minha autoestima voltaram a crescer.

Com toda a intuição que ainda me resta, sinto que você sofre. Penso em te dar colo, carinho, um ombro amigo, mas sei que uma aproximação pode piorar as coisas, feridas podem se abrir novamente e todo o passado voltar à tona. Nesse momento, essa é a atitude mais aconselhável. Por isso, me afasto, para que você viva o seu processo intensamente, como vivo o meu, para que você faça as suas escolhas da maneira mais verdadeira e segura que conseguir. Pra que você se cure de todo o medo e insegurança que só pertencem a você nesse momento, e não a mim.

Por isso me retiro em silêncio, com cuidado, como uma mãe que deixa o quarto depois que seu bebê adormece. Para não te machucar mais, para não me machucar mais, para te fazer crescer e se tornar homem de verdade, se é que alguma atitude minha pode ser capaz de te fazer homem. Saio para evitar mais sofrimentos, mais choros, se não os seus, pelo menos os meus.

Me desculpe, mas eu mereço mais, muito mais. Eu quero mais. E não foi isso que me prometeste no primeiro dia em que nos conhecemos. E não foi isso que te dei, esse pouquinho, o restinho, as sobras. Te dei meu Eu inteiro. Te dei meu futuro. Te dei toda a minha confiança e todo o meu amor. Talvez por isso não tenha sobrado nada para mim. Porque te dei tudo o que tinha e não recebi nada em troca.

Faça as suas escolhas, tome suas decisões, eleja o caminho que te faça mais feliz, mas não me obrigue a aceitar suas sobras. Não me peça para estar presente durante o tempo que resta. Não queira que eu ame só um pouquinho. Meu amor não cabe em escassez. Eu não me encaixo nesse pedacinho e nem é possível caber nesse espaço tão pequenininho que você me deixou dentro da sua vida. Eu sou imensa demais para esse lugar que você me destinou. Estava apertado, me sufocava. Já agora, me sinto livre outra vez, posso ser quem sou, posso de novo abrir os braços para dar meus abraços longos e apertados.

Fique bem, mas preciso ir. Doi imaginar como está, mas doi ainda mais estar onde não devo nem mereço. Doi, mas vai passar. Eu te prometo, essa dor vai passar.






quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

A palavra do ano


Tenho visto com frequência cada um escolher sua palavra do ano, como se isso tivesse se tornado moda. Mal tomei conhecimento dessa prática e me dei conta de que já venho fazendo isso também há algum tempo.

Me lembro de que em 2017 a minha palavra foi “coragem”; em 2018, “leveza” e, agora, para 2019, elegi “amor próprio”. Me lembro também que, coincidência ou não, um dos primeiros votos que recebi assim que o ano virou foi esse: “amor próprio”, de uma pessoa que eu tinha acabado de conhecer ali mesmo, no sítio onde passava o feriado. E isso me marcou.

Embora ainda nas primeiras semanas do ano, essa palavrinha vem me acompanhando fielmente, já nas minhas decisões e escolhas determinantes para esse ano e para vida, como se ela me dissesse: “Tô aqui, ó. Não se esqueça de mim. Não se esqueça do que se prometeu”.

E de fato é o que tenho feito, me amado mais e mais, dia após dia, compreendendo que, para que eu ame os outros, preciso primeiro amar a mim. Só assim será possível doar amor, caso contrário, como oferecer aquilo que não sei exatamente o que é, como oferecer ao outro o que não tenho?

E esse tem sido o meu exercício diário, em especial nas minhas relações. Quando percebo que me falta amor próprio, quando me dou conta de que abro mão do amor que devo ter por mim, quando amo mais ao outro do que a mim mesma é como se soasse um sininho ou uma campainha aqui dentro, dizendo “opa, opa, opa! Cadê seu amor próprio?”. É então quando volto atrás, penso, repenso, reflito e concluo que não tenho agido tendo por base minha palavra do ano. Por fim, mudo minhas ações e me reconecto com os meus pensamentos colocando todo o foco no amor, no meu amor e no meu respeito por mim, por ser quem sou, por me transformar na mulher linda que sei que sou, sem precisar provar nada a ninguém, nem a mim mesma. Pelo respeito a meu processo de amadurecimento e evolução. Por tudo aquilo que dei conta e por tudo aquilo que não dei conta. Por reconhecer todo o esforço que venho fazendo para ser alguém melhor para mim, para os outros e para o mundo.

Sei que tenho muito a aprender, muito mesmo. Mas sinto também que o caminho é esse. E para se alcançar a linha de chegada o primeiro passo foi dado e esse passo se chama “amar-se profundamente”.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Quantas lições para aprender


Quantas lições ainda falta aprender, menina? Quantas vezes ainda será preciso te dizer que você é linda, forte e que pode todo amor do mundo? Para quê esse apego a pessoas e situações? Se solte, deixe fluir sem ter o controle. Se desapegue. Entenda que a vida é mistério, é confiar e saber esperar.

Se entregue verdadeiramente à vida, sem a busca por explicações, por resoluções, por expressões matemáticas, até porque a vida não é uma fórmula de Báskara ou um teorema de Pitágoras. Entenda que não é preciso entender. Aprenda que o caminho é mais importante que a chegada, que o processo é mais rico que o produto por todas as transformações que opera.

Seja livre! Se liberte e liberte os outros do seu controle, desse controle que você não tem. Respeite o momento de cada um e esteja aberta e receptiva para ajudar a quem precisa, ainda que você se sinta resistente. Não endureça, não dificulte, não problematize, não julgue. O dia a dia já é tão injusto para pesarmos a mão nas nossas relações e nas nossas cobranças.

Não escute o outro, mas sim o seu coração. As pessoas sempre falam baseado em suas experiências, vivências e você não tem que agir como o outro julga que é certo. Afinal, o que é o certo? Do ponto de vista de quem? Qual é a referência? Se conecte com a sua essência e deixe que ela te mostre o caminho, não os outros. Afinal, os outros são só os outros. E é você a responsável por deitar a cabeça à noite no travesseiro em paz consigo mesmo. Só você sabe as dores e os prazeres de ser quem você é.

Relaxe, confie, se entregue… Corra como as águas dos rios correm em direção ao mar, fluida e certeira. Voe como a brisa em busca da imensidão, leve e passageira. Balance como as folhas das árvores dançam com o vento, se deixando levar pelo mistério oculto da natureza.

E acredite! Você pode todo o amor do mundo porque você é inteiramente amor. E para que você nunca se esqueça disso, quantas lições ainda falta aprender?



quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Mude a sua frequência


E se a gente mudar a frequência desses seus pensamentos? E se a gente vibrar alto, se for muito leve, leve como uma pluma, e se a gente parar de julgar, de esperar, de depositar no outro a nossa alegria?

E se a gente investir naquilo que nos faz bem, em boas leituras, cinema, boas companhias, planos para o futuro, no trabalho, na saúde…?

E se a gente esquecer que existe o outro e passar a investir mesmo só na gente, afinal, nesse momento é disso que a gente precisa: de pensarmos só e apenas em nós mesmos. E se a gente parasse de ligar para o outro, de esperar pelo outro, de tentar fazer o outro feliz? Tudo isso para cuidarmos de nós, para fazermos um carinhozinho em nós mesmos, para nos dedicarmos um tempo para nós, para o nosso bem.

Tem horas que correr demais significa paralisar e parar significa ganhar forças para ir mais além. Reserve um tempo para você, para o seu bem-estar, para aquilo que te preenche e te faz bem. Pare de julgar, de stalkear, de invadir um espaço para aonde não foi convidada. Para quê forçar sua presença e insistir a presença do outro quando o outro não quer? Quem permanecer deve permanecer por vontade própria, por desejo, e não por obrigação.

Seja e esteja confiante. Tudo é como tem que ser. Esse é o mantra. Nenhuma folha cai do céu sem que Deus não queira e se ele te permite viver tudo isso é porque é assim que tem que ser. Confie e siga o seu caminho em direção àquilo que te faz bem.

Esse momento é seu. Preocupe-se com você, e só com você. Definitivamente, não espere do outro, não invista no outro. Você deve ser a sua melhor companhia. Quem não souber te dar valor, te perderá. Quem não quiser te acompanhar ficará para trás enquanto você segue o seu caminho. Sejamos leves e tenhamos amor próprio. Sempre a todo tempo.