Meu
coração doi um poquinho quando penso em você. Não de saudade, mas
de dó. Dó por perceber que falta tanto ainda por percorrer e já
todo esse cansaço. Dó pelo medo que se tem de viver, de ser quem é,
de assumir suas escolhas, de sair para vida, de amar e ser feliz. Mas
meu coração me diz que preciso respeitar o tempo, as escolhas e as
experiências de cada um. Por isso o meu afastamento. Primeiro porque
eu precisava saber ao certo o que queria, o que desejava e o que dava
conta de arcar. Agora, que já me decidi; agora, que já fiz minhas
escolhas e sigo o meu caminho, penso que é hora de deixá-lo viver o
seu processo, de te permitir sentir as suas dores, de dar espaço
para você fazer as suas escolhas e de te deixar tomar o seu rumo.
Percebi
que no final das contas, só me sobravam as migalhas, como um cão
que espera ansiosamente pelos farelos que caem da mesa farta. Percebi
que era pouco demais para quem espera tanto, para quem deseja tanto,
para quem merece tanto, para quem se doa tanto. Entendi que não
preciso mendigar por amor se o maior amor do mundo está aqui dentro
de mim. Você me fez esquecer disso, mas esse tempo que me dei me fez
relembrar que sou imensa e assim meu coração e minha autoestima
voltaram a crescer.
Com
toda a intuição que ainda me resta, sinto que você sofre. Penso em
te dar colo, carinho, um ombro amigo, mas sei que uma aproximação
pode piorar as coisas, feridas podem se abrir novamente e todo o
passado voltar à tona. Nesse momento, essa é a atitude mais
aconselhável. Por isso, me afasto, para que você viva o seu
processo intensamente, como vivo o meu, para que você faça as suas
escolhas da maneira mais verdadeira e segura que conseguir. Pra que
você se cure de todo o medo e insegurança que só pertencem a você
nesse momento, e não a mim.
Por
isso me retiro em silêncio, com cuidado, como uma mãe que deixa o
quarto depois que seu bebê adormece. Para não te machucar mais,
para não me machucar mais, para te fazer crescer e se tornar homem
de verdade, se é que alguma atitude minha pode ser capaz de te fazer
homem. Saio para evitar mais sofrimentos, mais choros, se não os
seus, pelo menos os meus.
Me
desculpe, mas eu mereço mais, muito mais. Eu quero mais. E não foi
isso que me prometeste no primeiro dia em que nos conhecemos. E não
foi isso que te dei, esse pouquinho, o restinho, as sobras. Te dei
meu Eu inteiro. Te dei meu futuro. Te dei toda a minha confiança e
todo o meu amor. Talvez por isso não tenha sobrado nada para mim.
Porque te dei tudo o que tinha e não recebi nada em troca.
Faça
as suas escolhas, tome suas decisões, eleja o caminho que te faça
mais feliz, mas não me obrigue a aceitar suas sobras. Não me peça
para estar presente durante o tempo que resta. Não queira que eu ame
só um pouquinho. Meu amor não cabe em escassez. Eu não me encaixo
nesse pedacinho e nem é possível caber nesse espaço tão
pequenininho que você me deixou dentro da sua vida. Eu sou imensa
demais para esse lugar que você me destinou. Estava apertado, me
sufocava. Já agora, me sinto livre outra vez, posso ser quem sou,
posso de novo abrir os braços para dar meus abraços longos e
apertados.
Fique
bem, mas preciso ir. Doi imaginar como está, mas doi ainda mais
estar onde não devo nem mereço. Doi, mas vai passar. Eu te prometo,
essa dor vai passar.
Seu texto veio como um disparo brutal de encontro ao que vivo nesse momento. Muito obrigado pelas palavras. Desejo a você uma ótima e feliz Vida.
ResponderExcluirMarcus Acoy...