Acredito em destino, não sei vocês, mas penso que nosso
encontro já estava predestinado. Não nos conhecemos desde o início, talvez eu
tenha entrado como uma intrusa, mas fui tão bem recebida a ponto de não mais
querer sair. E de fato fiquei. Talvez porque eu desejava, fiquei.
Penso que a vida é feita de desafios e estar com vocês a
cada dia era desafiador. Tentar extrair de vocês o que havia de melhor era
desafiador e assumo: adoro desafios!
E uma relação foi sendo criada aos poucos, dia a dia, aula a
aula. Por mais que vocês possam ter pensado, eu nunca desisti de vocês, ao
contrário, eu me preocupava, e muito, com vocês. Eu sentia que a minha presença
ali não era em vão. De alguma forma, eu queria que vocês se sentissem amados,
queridos, valorizados.
Eu percebi que não seria fácil desde a minha primeira
tentativa de mapa de sala. Alguns não se davam bem com outros, havia ali uma
zona de conflitos, eu precisaria, transitar, amigavelmente, por todas essas
faixas de Gaza.
Confesso que às vezes não sabia o que fazer, e eu me
perguntava: será que o problema é comigo? E era talvez, nessas horas, que vocês
me surpreendiam, ao fazerem um silêncio sepulcral na hora da explicação, ao
participarem da aula, me enchendo de perguntas, ao concluírem os exercícios. E
eu saía dali com uma sensação de dever cumprido, de que valia a pena, de que
cada um de vocês merecia atenção.
Quando percebia que algum de vocês não estava bem, meu
coração doía e eu ficava pensando o que fazer para me aproximar, para tentar
ajudar, para melhorar o rostinho triste. E tenham certeza, eu fazia tudo o que
podia. Havia momentos em que eu queria puxar a orelha de um por um, alguns com
mais frequência. Ai... aquele tal de “away”, ou sei lá como é que se diz...
E tudo ia relativamente bem, até que apareceu, por
influências externas, um tal de “Tia Lili” para cá e “Tia Lili” para lá...
Entreguei para Deus e deixei “rolar”. Minhas forças já estavam escassas para
combater esse mal que se alastrava por toda a escola.
Mas houve coisas boas também: fizeram gols para mim (me
senti uma adolescente, nunca tinham feito um gol para mim antes), recebi
elogios, ganhei cartas, ouvi dizerem que eu era a melhor professora que já
tiveram, e o que é melhor: vi vocês amadurecerem.
E hoje digo: valeu muito a pena estar com vocês durante todo
esse ano. Desejo profundamente que a
gente se encontre, que me tragam boas notícias, que me visitem, que tenham
sucesso e que independente de poder ter sido a melhor professora, que pelo
menos eu tenha sido uma professora querida, que deu o melhor de si por pessoas
que mereciam. Graças a vocês, hoje me sinto alguém melhor. Por isso, quero agradecer
a oportunidade da convivência e admitir que estar com vocês durante todo esse
tempo VALEU A PENA! Que esse texto leve a vocês todo o meu carinho e todo o meu
amor. Meu nono B, eu amo vocês!
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