Sinto medo. Confesso. E receio que as pessoas que mais amo nesse mundo me deixem um dia. E por isso, tenho medo de não suportar a dor, de a vida perder o sentido, medo de não
ter motivos para continuar. Medo de ficar só.
Tenho medo das peças que a vida ainda falta pregar, do que o
destino me reserva, de tudo que ainda está prestes a acontecer, de todo o porvir. Medo das tempestades,
dos trovões e de não haver quem me proteja um segundo depois do relâmpago.
Confesso. Sinto medo. Muito medo. Medo de vir a escuridão e
a luz não mais reaparecer. Medo de me cegar, do coração endurecer, de perder toda a poesia, de viver meus dias restantes em preto e branco. Medo de não poder ajudar a quem precisa, de depender de quem não se deve ou não se pode depender e de não ser capaz de atender a quem precise de mim.
Tenho medo dessa miséria crônica, desse nada a se fazer,
desse egoísmo exacerbado, dessa individualidade frequente e de toda mórbida boa vontade. Medo... Medo do ponto a que podemos chegar, do que podemos
deixar para as próximas gerações, da demagogia e desonestidade tão vãs. E tenho
medo, ainda mais medo, de que um dia tudo isso pareça normal, medo de que os
valores se invertam e de que os loucos passamos a ser “nosotros”.
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