Guerreira, eu? Não... Só por que
me levanto às cinco da manhã todos os dias, tenho três empregos e pego seis
ônibus por dia? Imagina... isso não é nada. Guerreira por que apesar de tudo
isso ganho quase nada e nem por isso desisto da luta? Guerreira por que apesar
dos percalços acredito no amanhã e não entrego os pontos fácil? Ah... que nada!
Guerreira só por que me arrisquei a sair de casa, renunciando à convivência
familiar e à comodidade em busca dos meus ideais? Guerreira por que apesar dos
nãos, dos maus tratos e das grosserias consigo me manter ilesa e continuar o caminho
com um sorriso nos lábios e muito amor no coração? Guerreira por que apesar dos
convites e propostas por um atalho mais rápido não desisto do que sou? Ah...
mas isso não é nada.
Guerreiro mesmo sãos os outros
que não têm por onde começar. São aqueles que matam um leão por dia e ao chegar
em casa não têm o que comer. Já eu mato apenas alguns insetos por dia e, por
via das dúvidas, ainda tenho meu cartão de crédito e o cheque especial. Não sou
guerreira. Guerreiro mesmo não possui oportunidades nem quem deposite um mínimo
de confiança neles. Guerreiro mesmo é aquele que rema contra a maré, luta contra
os preconceitos, contra as diferenças e contra as desleais condições de competição e, ainda
assim, não desiste de ser feliz. Eu mesma já possuo a faca e o queijo nas mãos,
tenho uma família linda, amigos verdadeiros e sonhos que nunca acabam. E quem
tem isso tem tudo.