Aquela tempestade me trouxe uma recordação com cheiro de infância. Me reportei a uma época em que a chuva trazia medo, mas proteção. E nessa hora, senti muita vontade de estar lá, naquele tempo, com aquela mesma sensação, mas a força do meu pensamento e toda a nostalgia não foram suficientes. Fiquei, então, com aquele gostinho amargo da lembrança de um tempo e de momentos e pessoas que não voltam mais.
Queria tanto retornar, estar lá, pelo menos no mesmo lugar e com parte das mesmas pessoas que me entenderiam e compartilhariam comigo da mesma saudade e da mesma lembrança. Pelo menos em pensamento eu permanecia lá. E como eram fortes as tão insistentes lembranças. Eu era capaz de me lembrar dos detalhes e até mesmo dos cheiros e daquelas sensações tão agudas e tão minhas.
E por falar em cheiros, hoje o cheiro de batata frita me fez lembrá-la. Mas não de qualquer batata frita, é a batata frita dela, preparada por ela, com um toque de amor de avó que só ela tinha. Aquela batata que só ela sabia fazer. Era cozida com sal antes de ser frita. Mas não era só isso, só ela sabia fazer, com aquele seu jeito tão especial, como tantas outras coisas tão típicas.
E por isso, mais uma vez, aquele gostinho de saudade. Numa mistura de sensações, sinestesias e sentimentos, desejei um tempo que não volta mais, mas que foi tão bonito e tão intenso que chega a ser capaz de me levar daqui sem precisar sair do lugar. O cheirinho de terra molhada misturado com batata frita adicionados ao medo da tempestade ainda permanecem. Ah... e essas lembranças...
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