A
paz que procuramos está dentro, não fora. Isso é o que nos dizem
todos. É muito comum ouvirmos frases estrategicamente planejadas e
ensaiadas para nos acolher nos dias em que estamos esvaziados de nós
mesmos. Mas, no final das contas, por onde começar? Que caminho é
esse?
Penso
que o primeiro passo é nos conhecermos para sabermos de fato quem
somos e o que buscamos ou qual é o propósito em estarmos aqui. Se
nos conhecemos, consequentemente, saberemos do que gostamos e do que
não gostamos, quais são os nossos limites, os nossos valores e
princípios, o que damos conta de aceitar e o que o nosso coração
se recusa a fazer.
Quando
nos conhecemos, nos amamos mais e para nos amarmos é preciso
autocuidado. Se sabemos do que gostamos, naquele dia em que estamos
mais carentes de nós mesmos saberemos que será preciso nos
presentearmos com uma boa leitura, com um momento para nós, uma
meditação, um chazinho, colinho de mãe, conversa com a amiga ou
simplesmente nos deixarmos a sós no quarto escuro com nós mesmas.
Se
nos amamos sempre um pouco mais e se nos conhecemos o bastante para
sabermos do que gostamos e o que não nos cai bem, seremos capazes de
fazermos escolhas melhores, seja de parceiro, de amigos, de
oportunidades de trabalho ou simplesmente da bola de sorvete num dia
quente de verão. Não será preciso fazer escolhas para agradar o
outro, para sair bem na fita ou para ser aceito. Não será preciso
dizer sim quando se quer dizer não.
Se
nos amamos e sabemos bem o que queremos fica mais fácil nos
perdoarmos quando o erro se torna necessário. Porque errar também
faz parte. A diferença será a forma como encaramos o erro. E,
assim, será mais fácil superá-lo de forma madura e elevada sem
necessariamente encontrar culpados ou nos martirizarmos.
Quando
nos amamos, sabemos que a paz que tanto procuramos está “in” e
não “out”, que há maneiras inúmeras de encontrá-la, desde que
saibamos o que aquece o nosso coração. Essa paz não tem a ver com
dinheiro, grife de roupa, viagens, carro do ano, mas sim com o
respeito a nós mesmos, à natureza, ao outro e ao Universo. Essa paz
pode estar presente no sorriso de uma criança, no canto de um
pássaro ou no olhar cheio de citosina do seu cão. Essa paz às
vezes vem disfarçada no carinho de uma mãe, na ligação de um
amigo ou numa lembrança gostosa de infância.
Aos
poucos, vamos entendendo que a busca por essa paz é constante,
incessante e interminável. Contudo, cada vez que nos conhecemos e
nos amamos mais essa paz se aproxima de nós, se torna mais palpável
e mais real. O importante, independente da forma que a busquemos é
nunca nos esquecermos de que o primeiro passo é nos conhecermos e
nos amarmos sempre mais e mais.
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