Tem
horas que insistir cansa, se fazer presente cansa, não ter retorno
cansa. Bater na mesma porta todos os dias cansa. Cansa não ter a
pessoa ali do seu lado, cansa não ter planos para o futuro, cansa
viver só de agora sem expectativa nenhuma.
E é
quando se está cansado que precisamos nos darmos um tempo. Um tempo
para pensar, um tempo para reavaliar, um tempo colocar as coisas no
lugar, para repensarmos as prioridades, realocarmos as peças do
jogo. Um tempo para nós.
Nessas
horas, não devemos nos cobrar nada. Nada de querer acertos, de
respeitar prazos, de fazer apenas o que é legalmente aceitável, de
corresponder às expectativas alheias. É hora de tirarmos um tempo
para nós, e só para nós, e ser egoísta sim.
Tem
horas que cansa e enche o saco ser legal, ser bonzinho, querer sempre
o bem, não falar mal, não falar palavrão, sentar com as pernas
fechadas, não mastigar de boca aberta, não falar de boca cheia. Às
vezes, o que a gente mais quer é mandar o mundo &*%@, é gritar
aos sete cantos que não aguentamos mais, é chorar alto, é arrancar
essa dor e esse vazio do peito com as próprias mãos, é dizer “tô
de altas”, cansei da brincadeira e quero sair do jogo.
Mas
aí, de repente, a gente descobre que nesse jogo as regras são
outras, que se pararmos a brincadeira, não poderemos mais voltar
quando quisermos e que a vitória consiste exatamente em não
desistirmos. Então, a gente dá um tempinho, bebe uma água, respira
um pouquinho e voltamos para o segundo tempo, tentando encontrar um
motivo para irmos até o final, com ou sem prorrogação.
No
dia seguinte, depois de uma noite de sono, já com a cabeça fria, a
gente acorda, olha lá para fora e vê aquele sol lindo, sorrindo
para gente, nos esperando para começarmos mais um dia. A gente ouve
o canto dos pássaros debaixo da nossa janela, sente a brisa bater no
rosto e vê um dia novo inteirinho esperando a gente para ser feliz.
Então, a gente respira fundo e pensa: “é preciso continuar”. E
aos poucos a gente vai entendendo que o mundo precisa da gente, que
somos peças importantes na construção de uma sociedade melhor,
seja por ser quem somos, por pensar como pensamos, por fazer o que
fazemos, por termos coragem de nos posicionar, não importa. O fato é
que, de uma forma ou de outra, apesar de cansados, a luta continua e
não podemos desistir porque o outro não correspondeu a nossas
expectativas, ou porque não ganhou para a presidência o nosso
candidato, ou porque ouvimos dos nossos familiares exatamente aquilo
que jamais imaginávamos. Não!!! Pode parecer clichê, mas aquela
velha frase “seja a diferença que deseja ver no mundo” faz
sentido e é real.