Hoje,
em meio a livros, papéis e preocupações, uma limpeza se fez
necessária, como se o externo fosse capaz de organizar o interior.
Foi a forma que encontrei, naquele momento, de me resgatar, perdida em
pensamentos, ideias, planos e projeções.
E
num movimento de rasga papel, separa livros e organiza pastas, me
deparei com um depósito de boas lembranças, o que naquele dia me
fez ganhar a manhã.
Separadas
e bem guardadas, encontrei uma coleção enorme de cartinhas que
recebi dos meus alunos no dia dos professores no meu segundo ano de
profissão. Impossível não sorrir e relembrar de um por um, dos
rostinhos, das letras, do que seguiram seus caminhos, dos que
permanecem…
Nas
cartas, bondosos que são, diziam que gostavam de aprender Português
porque era comigo, que eu era a melhor professora do mundo, que me
amavam, que eu sabia ensinar de verdade, que eu despertava o gosto
pelo estudo, me agradeciam por fazer parte de suas vidas.
Pudera
eu reescrever um trecho de cada cartinha e me entenderiam.
O
que a princípio seria a organização de um armário se tornou a
reativação da lembrança de uma escolha feliz. A escolha que fiz no
dia em que decidi o curso que delinearia a minha vida, os meus
projetos e a minha alegria de viver.
Sou
mais feliz por tê-los no meu dia a dia, confesso. Nos identificamos,
nos vemos um no outro, nos queremos bem. E são nesses momentinhos de
distração em que a felicidade vem nos visitar, quando nos sentimos
perdidos e nos reencontramos na bagunça do armário em em meio a
cartinhas e declarações de amor, como se algo sussurrasse baixinho
no ouvido: “vale a pena continuar”.
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