quinta-feira, 19 de julho de 2018

O barulho lá fora e a voz aqui dentro



Às vezes, me sinto perdida. Não sei por onde começar. Minha cabeça fica confusa. Quero muitas coisas ao mesmo tempo. E ao mesmo tempo, não quero nada. Tento respirar fundo, fechar os olhos, sentir as batidas do meu coração e entender que caminho ele quer seguir, mas o barulho lá fora é mais alto que a voz aqui de dentro. Outras vezes, choro incessantemente para tentar expulsar as dúvidas, os medos e as dores e quando o choro cessa, sinto um alívio, mas inda persistem os mesmos sentimentos.

Tento ler, meditar, praticar Yoga. De outras vezes, me escondo de mim mesma. Me distraio, aliás, busco distrações que me mostram outras direções e que me fazem me perder ainda mais de mim, do que busco, do que quero e do que acredito. Volto ao início e sinto como se não tivesse saído do lugar.

Sempre ouço dizer: “Somos o Universo”, “Se ame”, “Todos somos um”, “Medite”, mas por onde começar? E quando nada disso faz sentido? E quando você não sabe nem mesmo se quer se levantar da cama, quando a rotina massacra, quando o medo paralisa, quando o cansaço fala mais alto do que todas as suas vontades?

E quando você quer correr, mas não sabe para onde? E quando você busca algo, mas não sabe o quê? E quando você crê piamente em algo e tudo desmorona de repente? E quando às vezes você sente medo do futuro? O que fazer?

Hoje, nessa confusão dentro de mim, quero o tudo e o nado, o novo e o velho, o tradicional e o mais arrojado, quero ir e ao mesmo tempo ficar. Quero o de sempre e o desconhecido, quero perder e ganhar ao mesmo tempo ganhar, quero ser do contra e quero me calar. Às vezes, quero das as mãos e de outras, virar as costas e caminhar sem olhar para trás.

Quero aceitar que esse momento é meu, me pertence, de que preciso de tudo isso para crescer, mas quero entender também porque toda essa confusão dentro de mim, por que tantas perguntas sem respostas, por que tantas coisas loucas ao mesmo tempo. E no final das contas, quando me deito, não sei o que quero, não encontro respostas e não quero esperar mais tempo para encontrá-las. Quero jogar tudo para o alto, gritar, sumir, pichar paredes, xingar palavrões, mas algo me diz que o caminho não é esse, que preciso silenciar a voz da mente e ouvir a voz do coração. Respiro fundo, fecho os olhos, sinto as batidas do meu coração, mas o barulho lá fora ainda é mais alto do que a voz aqui dentro.


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