Em mais uma daquelas tentativas frustradas, me vejo aqui, de
novo, de uma maneira que pensei nunca mais me enxergar.
Se me perguntassem acreditar em histórias da carochinha, eu
responderia que “claro que não”, mas os fatos provam o contrário. E como
sempre, as respostas não vêm. E olha que dessa vez me prometi não buscá-las. Em
vão.
Se pudesse escolher, preferiria não precisar escrever o que
escrevo agora. Me fechar e não arriscar
às vezes continua sendo a melhor solução. Me vejo agora tão vazia, tão
descrente, sem esperanças...
Seria o que vivo um reflexo do mundo em que nos encontramos
agora? Seria tudo isso uma das crises existenciais por que passa a
humanidade? E somos nós quem devemos
pagar por isso? Seria minha a culpa por
tentar arriscar a equilibrista?
Talvez tudo isso me leve a uma única resposta: eu seguia
pelo caminho mais correto. Porque agora busco toda aquela paz que me pertencia
e já não a possuo totalmente, como antes. E olha que pedi tanto por ele, e por
mim. Pedi tanto a Deus para que não nos machucássemos. E percebo: fui a maior
responsável. Fui eu quem se deixou machucar. Sou eu a culpada. Foi tentando
acertar, fazer diferente, mais uma vez. E me sinto a Florbela Espanca, aquela
que no mundo anda perdida. Por que no final das contas sempre dá errado? É um
carma? Dívida de vidas passadas? Não sei.
Sinto raiva às vezes por me permitir viver tudo isso de
novo. Sinto raiva por me ver assim. Sinto raiva por não possuir o controle como
imaginei. Sinto raiva de tudo isso. Muita raiva.
Queria entender. Encontrar uma razão para tudo isso. Eu não
pedi para que nada disso acontecesse. Eu não desejei estar como estou. Não fui
eu quem buscou nada disso. Ou busquei?
E elas, as respostas, nunca vêm. Mas elas, as perguntas,
permanecem. Até quando? Não sei.
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