Tanta reviravolta e toda essa confusão mental me trouxeram paz.
Paradoxal? Não. Nem um pouco. Foram necessários choros, tropeços, frustração,
desabafos e uma dose de revolta para o pontapé inicial. A mudança não precisou ser radical, mas pontual. Independente de começar repentinamente, devagar, de onde menos
se espera um dia é necessário que ocorra.
Aquele encontro, o reencontro, todas as conversas, a
confiança depositada, os depoimentos lidos, os filmes assistidos, o passado, o
presente, o suposto futuro somados a toda história construída aqui dentro me
fizeram derrubar as paredes, invadir o lado oposto e avançar por um caminho previsivelmente conhecido.
Cansada das famosas conversas para boi dormir, de elogios infames, de encontros
fúteis, de companhias vazias, opto por retornar ao país e à era de onde
vim. Troco qualquer companhia masculina que seja, na ilusória tentativa
de algo real, por uma conversa tola com a minha mãe. Dispenso qualquer balada
com direito a nascer do sol e aquela ressaquinha de felicidade no dia seguinte
em troca de uma manhã bem aproveitada com minha quase filha. Abro mão de
qualquer bate-papo on line por uma conversa madura, mesmo que pelo telefone,
com o meu melhor amigo. Troco os longes pensamentos por um verdadeiro momento
de prece.
Pareço boba, antiquada, careta? Para mim, tanto faz. Me sinto mais
intensa, mais eu mesma, mais real, mais próxima de todas as minhas realizações.
As experiências passadas serviram para me mostrar que tudo
isso é pouco, que não me basta, que não me preenche, que é passageiro. Quero
amigos verdadeiros, aqueles que ficam, mesmo distantes, e não esse conhecer de
um dia só e nada mais. Quero momentos divertidos, mas não apenas intensos, e sim
duradouros.
É... as coisas estão mudando e eu também. Mudei para voltar a
ser quem eu era. Mudei para melhorar quem eu sou. Aqueles que me acompanharam até aqui, esses vêm comigo. Os que
se perderam pelo caminho, sinto muito, mas esses não voltam mais.
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