Só queria que soubesse que tudo o que eu fiz até hoje foi querendo
acertar. Todas as tentativas, todos os riscos corridos, todo o salto mortal,
todo o mergulho de cabeça, a mudança corrente de opiniões, o caminhar nos
extremos e até mesmo o parar para refletir e o estagnar.
Queria que você entendesse que a vida às vezes pesa. E pesa
tanto a ponto de o peso nos afundar no assoalho e nos dificultar o retorno à
superfície. Nessas horas, o que fazer? É aí que entram todas as tentativas de
acerto, pois o que me aguarda ao fim? Não sei.
Quando choro, nem sempre é por fraqueza, mas para aliviar a
dor, ou por medo, ou por já ter sido forte durante tempo demais, sozinha demais.
Da mesma forma, quando sorrio, nem sempre é de felicidade, mas de vontade e por
esforço para que as coisas deem certo, para que a vida me sorria de volta.
Essa corrida incessante é pela felicidade. A linha de
chegada ainda está longe, parece às vezes mais perto, outras vezes se afasta, e
embora surja a vontade de desistir, eu te prometo que isso nunca vai acontecer.
Apesar dos tropeços, das câimbras, da sede, do cansaço excessivo durante o
percurso, eu te juro que nunca vou desistir.
Com essa coleção de erros, ficam, além de toda a vontade de acerto,
o conhecimento e a maturidade sempre tão desejados para as próximas. E que as
próximas venham de fato. Com ou sem equívocos. Que a aprendizagem nos acompanhe
na presença da sabedoria, sempre tão invocada.
Hoje, especialmente, hoje, eu só queria que você soubesse
que mais uma vez eu quis acertar. E porque a vontade de acertar é tão grande,
porque somos tão otimistas e porque a esperança é artigo que sobra em nós, e
porque nunca desistimos e porque somos tão crédulas, mais uma vez não obtivemos
êxito. E nessas horas, ao invés de nos culparmos ou procurarmos culpados, que
aproveitemos para tentarmos nos encontrar mais uma vez. O que buscamos, quem
somos, o que queremos. E é hora de agradecermos a Deus por toda a oportunidade
de acerto, e de erro. Paremos um pouco. Nos permitamos nos ausentar de toda a
turbulência, e voltemos para dentro de nós mesmas. Estamos aqui, somos essa
aqui.
Que a partir de hoje, você tenha a certeza sempre de que
estaremos juntas até o fim, acertando ou errando. Que você compreenda que se
erra porque se vive. E que todo o perdão aconteça, que a vontade de continuar
persista e que toda essa felicidade almejada seja apenas um meio, e não mais o
fim.
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