sábado, 9 de abril de 2011

Se...


De que vale mais um dia se as flores não desabrocham?
P’ra que mais uma noite se a lua não ilumina o céu cinzento?
Se as abelhas não fabricassem o mel, o que iria adoçar minha vida?
Se a chuva não caísse mansinha na janela do meu quarto, qual seria o ritmo dessa canção?
Se as lágrimas quentes não molhassem meu rosto eu não sentiria o gosto da dor.
As palavras, minhas companheiras, me transformam em amante, mulher, menina, Cinderela, heroína...
Mas as palavras, minhas amigas, não sabem transformar sapos em príncipes, nem besouros em beija-flor.
Mas se a noite vira dia, se a uva vira vinho, por que não consigo fingir o que não sou?
Assim, talvez, seria a mulher perfeita, a mulher-maravilha, a super-mulher ou uma mulher melhor.
Mas se não consigo ser nada disso, o que serei?
De que vale mais um dia se o sol não brilha no céu azul?
P’ra que mais uma noite se as estrelas não cintilam meu destino?
Se a brisa não tocar meu rosto como vou sentir da vida, o gosto?
Se as ondas frias do mar não molharem meus pés descalços, p’ra que continuar a caminhada?
Se não caísse não teria motivos p’ra me levantar.
A poesia me leva à Marte, Vênus, Cidade dos Anjos, Floresta Encantada, Casas de Chocolate...
Mas a poesia não me traz Apolo, Cupido, Super Homem, Príncipe Encantado...
E assim vou lutando contra as bruxas do medo, as madrastas das desilusões e os monstros do arrependimento.
Me escondo dos fantasmas do passado e fujo da maldição do anel perdido.
Mas quando me transformo em mulher-Gato pulo na janela do quarto.
E é quando acordo e salvo a menina-mulher que se desperta de um mundo de sonhos e fantasias irreais.
Então... interrompo os contos de fadas p’ra assistir a um filme de terror sem histórias de amor.
E a cada dia invento um novo capítulo desse trágico romance.
Ah...! Mas ainda assim, se eu descobrisse o mistério da Lagoa Azul...
Afinal, de que vale a vida, se dela não fazem parte os sonhos e a poesia?

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