O
Black Friday me assusta. A compulsão por comprar, por ter cada vez
mais, por acumular, por encher armários, seja de comida, roupas ou
livros me assusta. É completamente impactante assistir a um número
incontável de pessoas correndo dentro de uma loja para se conseguir
um eletrodoméstico um pouco mais barato que o habitual e, o que é
pior, perder um dia de trabalho por ter que enfrentar uma fila
quilométrica para se pagar um único produto ou, ainda assim, um
carrinho cheio de coisas que de fato, se não fosse o mercado, a
publicidade e a compulsão não seriam necessárias.
É
assustador ver como a nossa sociedade se deixa levar sem se
questionar. Como é mais fácil copiar, seguir a manada, entrar na
fila, consumir, comer, sujar… Alôôô!!! Pare e observe onde você
está, o que de verdade deseja, o que é vontade sua e o que é
vontade dos outros. Se encontre primeiro, se conheça, descubra do
que gosta e do que não gosta, mas não vá na onda dos outros,
porque todo mundo faz, porque parece legal, porque é mais fácil.
Muitas vezes, não vale a pena seguir o fluxo, não vale a pena ir
com a maioria e Black Friday não significa pagar menos. Todo esse
mercado significa consumir, simples assim. Consumir aquilo que você
não precisa, aquilo que você nem deseja, o que você nunca pensou
em comprar.
Se
eu pudesse propor alguma coisa, proporia o Black Friday do Bom Senso,
mas como seria para ser usado apenas na sexta, poderíamos, talvez,
estender para a semana inteira. Black Week ou White Week seria
melhor. E durante a semana inteira prevaleceria o bom senso para não
jogar lixo no chão, não fumar em lugares proibidos, não
ultrapassar pela direita, respeitar as leis, os seres e a natureza. E
isso valeria para todo e qualquer mortal, sem predileções.
Talvez
assim, viveríamos num mundo mais justo, de pessoas mais sensatas,
que sabem fazer suas escolhas sem influências e sem persuasão.