A cada conversa, sinto como se levasse um tapa na cara. As
palavras escolhidas, o olhar fuzilante, a voz oscilante e áspera me violentam e
me violam. Saio de cada conversa menor, subtraída. E por isso, as evito e as
recuso sempre. Porque todas elas me machucam.
Sinto como se fosse chicoteada sem direitos. Me sinto
agredida com a escolha minuciosa de cada palavra. E nessas horas, penso que
deveria me chamar Macabeia, como a da Clarice. E cada lágrima que se faz
existir depois é a tentativa de um grito de liberdade. É o fruto inoperante de
um se calar cheio de significados.
E querer que a relaçao permaneça bem depois de tudo isso é me
pedir demais. Me exigir mudança de comportamento por quem nutre um câncer
dentro de si é menosprezar minha inteligência e me acertar mais um golpe.
Me silencio, me escondo, me equilibro. Um tempo sozinha, alguns pensamentos, conexões, reflexões e um par de novas atitudes me devolvem meu sorriso, afastando lágrimas passageiras e toda dose de tristeza. E assim, depois de cada
batalha, teoricamente, perdida, com a energia que me resta, retorno ao meu mundinho.
Pequeno e frio, para os outros. Mas
ilimitado e imenso, para mim.