sexta-feira, 7 de junho de 2013

O nocaute



Meu pãozinho de queijo sósia me nocauteou hoje dizendo que vai me deixar. Sofro. Minhas terças e quintas não serão mais preenchidas com aqueles olhos brilhantes, aqueles caixinhos de ouro e aquele sorriso largo e lindo.


Ele vai precisar partir, ficar longe por seis meses, prometeu voltar, visitar-nos. Achei melhor não acreditar. Na próxima semana será nosso último encontro, a despedida. E esse soco na boca do estômago dói...


E agora, quem vai me zuar, me dizendo que adoro malhar o pescoço? Quem vai elogiar meu boxe afiado, dizer que esquivo bem... Esquivar? Pudera eu avançar ali mesmo. E agora, quem vai abrir aquele sorrisão de saudade disfarçada depois de quase duas semanas sem me ver? E os abdominais em pares? E os ganchos treinados corpo a corpo? E os swings lentamente ensaiados com direito a mão na nuca, troca de suores e olho no olho?


Para quê continuar se não vai ser ele mais quem me corrigirá a base ou a guarda, nem me sorrirá quando a coordenação falhar ou quando o jab não sair como o esperado. Ah... e agora quem vai me calçar as luvas e enfaixar as mãos daquela maneira quase sexual? Não quero que seja outro que me levante a blusa e me mostre o abdômen definido me explicando onde é que o gancho deve entrar.


De todos os golpes recebidos e de todos os hematomas deixados, tenho certeza, esse foi o pior. Logo agora que descobrimos tantas afinidades, tantas coisas em comum, que nos identificamos em outros ramos e que havia descoberto quão interessante é por todas as suas escolhas, pelo seu passado e por todos seus interesses recentemente revelados.


Depois desse golpe baixo, jogo a toalha e deixo o ringue. Lutar para quê, sem ele? E admito: mais uma vez, eu perdi.

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