E quem disse que viver é fácil? Se encontrar, se entender,
se perdoar... Se fosse tão fácil assim todas as minhas meditações teriam
surtido efeito imediato. As orações e as crenças valeram a pena, mas ainda
assim, os medos persistem. Aquelas perguntas de sempre se transformaram em
novas e continuam sem respostas, as novas e as velhas. Mas agora pouco importa,
não espero mais respostas. Nem da vida, nem de mim, nem dos outros. Me cansei
de tentar fazer sentido, me cansei de esperar sentido dos outros.
Olho ao redor e vejo um mundo de pessoas infelizes, fingindo
felicidade plena. Elas não me convencem, elas não se convencem e a vida segue.
Tanto trabalho, tanta corrida por dinheiro, lucro, soma, mais, maior, melhor e
por dentro, o vazio.
Ah! Se soubéssemos quantas coisas verdadeiramente
importantes deixamos passar enquanto estamos aqui presos às novas tecnologias,
a essa sala fechada cheia de papéis, a esses pensamentos evasivos. Eu também
não sabia, e tenho receio de me esquecer de que lá fora (ou aqui dentro) há um
mundo bem melhor e feliz.
Às vezes dói, como agora, por exemplo. Dói não saber o que
fazer, dói não saber para onde ir, dói estarmos apenas eu, dói o medo, dói não
ter coragem de arriscar. É... eu tenho medo do salto mortal, não consigo virar
cambalhota, fico deitada no momento da invertida sobre os ombros. E talvez seja
por isso que eu esteja aqui agora, perdida nos meus pensamentos, nos meus
livros, nas minhas palavras, porque tive medo. Medo de jogar tudo para o alto.
Medo de arriscar, medo de tentar o que alguns poucos tentam. Um novo amor, uma
nova e louca viagem, um novo curso, um novo emprego. Ou talvez eu esteja aqui
porque tentei o que ainda assim poucos tentam. E gastei minha cota. Tentei
vários novos amores, fiz algumas pequenas, mas divertidas viagens, arrisquei
algumas especializações e apesar dos medos, mesmo assim,tentei alguns novos
trabalhos e algumas poucas aventuras.
E, talvez, porque tenha apostado todas as minhas cartas,
agora seja a hora de retomar as energias. Uma pausa para mim. Hora de respirar
fundo, recitar o mantra, mãos em Shiva mudrá e meditar. “Quem eu sou, aonde vou
e com quem?”. Não! Não preciso me responder. Essa é apenas uma pergunta
retórica.
Não é fácil. E quem disse que seria?