domingo, 21 de novembro de 2010

Errante

“Às vezes é preciso errar para se acertar lá na frente”, dizem alguns. E talvez esse tenha sido o exercício que eu mais tenha praticado nos últimos tempos: errar. E esses erros me trazem uma sensação imensa de alvo perdido, trilha pedregosa e mais uma queda em meio às pedras escorregadias. E amedrontada nessa forte escuridão, me sinto perdida, sem norte, sem rumo. Mas apesar disso, continuo andando e percebo que segui a trilha errada. Não era esse o caminho almejado, não eram esses os personagens que esperava encontrar. É preciso voltar. “Ainda dá tempo?” me pergunto. A resposta é clara e entoante: “Dá, ainda dá”. Basta recuar e seguir pela trilha antes recusada.


É simples, retorno sem pestanejar, sigo pela outra trilha e me sinto segura novamente. Mas o tempo perdido não pode mais voltar. As pedras escorregadias, os personagens indesejáveis e as cenas vividas não podem mais ser apagados.


Fica então a dor e a curiosidade por não ter acertado o caminho desde o início. Existia uma mão que me apontava a entrada correta, mas recusei-a. Preferi caminhar com minhas próprias pernas e tentar o destino sozinha.


“Ainda dá tempo”, a voz ecoa. “Levante-se e recomece”, ela persiste. E é o que faço. Mas dói, dói saber que fiz tudo errado, dói saber que poderia ser diferente, dói saber que poderia ter acertado desde o início e não estar sofrendo agora. Meus pensamentos são densos e acusadores. Reflito de forma complexa e me recordo que não me sentia feliz, como se apesar de possuir pernas saudáveis me recusasse a caminhar. E agora uma série de questionamentos me assola: “se tudo continuasse como antes, seria de verdade feliz?”, “se não me arriscasse como me arrisquei, teria aprendido tudo o que aprendi?”


Então percebo que há como recomeçar de onde parei, porém mais madura, mais mulher, mais autêntica, mais segura. Sem tantas dúvidas, sem tantos medos, sem tantos questionamentos. E me perdoo. Me perdoo por errar, tentando acertar. Me perdoo por errar tentando ser mais feliz. Me perdoo por ser apenas uma errante inocente na tentativa insistente de acertar. Acertar sempre.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Te quiero como nunca quise a nadie



É interessante observar como nossa vida gira como giram as rodas-gigante. Ao mesmo tempo em que se está em cima, se está em baixo. Aprendi com o tempo e com a maturidade a lidar com assuntos delicados, coisas do coração e, por incrível que pareça, a custo de algum sofrimento, aprendi a ser feliz como acredito que se deva ser feliz.
Me encontrava em paz, com a alma alimentada e o coração tranquilo. Me sentia feliz, vivendo um amor romântico e sincero comigo mesma. Mas de repente... de repente me veio alguém em um dia nada especial, num momento de repulsão, de não se querer. Mas não se explica quando algo necessita acontecer. Fugi às regras, não consegui compreender minhas atitudes. Não deveria estar ali, com ele, afinal não o queria.
E o que parecia repulsivo passou a ser mágico e fantasioso. Apesar de a princípio não querer, não entender e não perceber, poucos dias depois já o queria com uma intensidade nunca imaginada. Nesse momento tive medo...
Nos vimos mais uma vez e o que era mágico e fantasioso se tornou inexplicável, inenarrável. Se antes só ele havia se envolvido, naquele momento eu o queria muito mais. Havia encontrado o que sempre procurava. Era perfeito, nem nos meus sonhos mais irreais pude imaginar tudo aquilo. Era ele, eu tinha certeza, eu sentia. Acho que ele também tinha a mesma sensação. E mais uma vez tive medo. Medo de perdê-lo como já havia acontecido outras vezes, em outras situações.
Senti uma paz tão grande, uma forte alegria, uma felicidade plena. Ao andar, parecia estar flutuando, era como se estivesse pisando nas nuvens, prestes a voar. Não acreditava que aquela partizinha vazia do meu coração e que eu já acreditava “impreenchível” estava sendo em fim recheada por um amor forte e verdadeiro.
Mas como em todo conto de fada sempre há algum empecilho, no momento mais perfeito ele precisou partir. Prometeu voltar, ligar, procurar, não sumir. Ainda o espero. Quero muito revelá-lo quão especial já é e dizer-lhe “te quiero como nunca quise a nadie”.