
É simples, retorno sem pestanejar, sigo pela outra trilha e me sinto segura novamente. Mas o tempo perdido não pode mais voltar. As pedras escorregadias, os personagens indesejáveis e as cenas vividas não podem mais ser apagados.
Fica então a dor e a curiosidade por não ter acertado o caminho desde o início. Existia uma mão que me apontava a entrada correta, mas recusei-a. Preferi caminhar com minhas próprias pernas e tentar o destino sozinha.
“Ainda dá tempo”, a voz ecoa. “Levante-se e recomece”, ela persiste. E é o que faço. Mas dói, dói saber que fiz tudo errado, dói saber que poderia ser diferente, dói saber que poderia ter acertado desde o início e não estar sofrendo agora. Meus pensamentos são densos e acusadores. Reflito de forma complexa e me recordo que não me sentia feliz, como se apesar de possuir pernas saudáveis me recusasse a caminhar. E agora uma série de questionamentos me assola: “se tudo continuasse como antes, seria de verdade feliz?”, “se não me arriscasse como me arrisquei, teria aprendido tudo o que aprendi?”
Então percebo que há como recomeçar de onde parei, porém mais madura, mais mulher, mais autêntica, mais segura. Sem tantas dúvidas, sem tantos medos, sem tantos questionamentos. E me perdoo. Me perdoo por errar, tentando acertar. Me perdoo por errar tentando ser mais feliz. Me perdoo por ser apenas uma errante inocente na tentativa insistente de acertar. Acertar sempre.