segunda-feira, 8 de abril de 2013

Um sim


O tempo, senhor da justiça, foi o único capaz de mostrá-la o que saía de errado durante tanto tempo. Ciente dos erros cometidos, restava-lhe agora reorganizar as prioridades, sempre confundidas, rever alguns passos e seguir em frente, disposta a mudar o roteiro final. Pelo sim ou pelo não, muita coisa mudaria dali em diante.

Segura das últimas descobertas, não havia mais o que temer. Tudo conspirava a seu favor, e na pior das hipóteses, com o erro já identificado, ficava mais fácil acertar das próximas vezes. E porque não queria próximas vezes, seu sangue corria quente nas veias no ritmo da batida do seu coração, que soprava aos ouvidos: “Confia em mim!”.

 Em harmonia, todo o corpo trabalhava em prol daquilo que julgava ser sua felicidade, almejada ardentemente. A pele lisa, os cabelos sedosos e os olhos brilhantes era um sinal de que, apesar de toda aquela ansiedade, tudo corria bem.

Um sim ansiosamente aguardado transformaria sua vida para sempre, anunciando borboletas ao redor, noites sempre estreladas e arco-íris na madrugada. Por meio daquela mudança forte, porém lentamente detectada, ela seria uma nova mulher disposta a fazer valer todos os sonhos de duas vidas.



domingo, 7 de abril de 2013

Por mim

Tô tentando correr atrás daquilo que acredito ser o melhor para mim. Tô tentando ser feliz, tô tentando me fazer feliz. Quero estar em paz com minha consciência e fazer tudo o que sou capaz. Se eu perder, se nada der certo, se as coisas fugirem ao meu controle (se algum dia o possuí) não haverá tantos problemas e arrependimentos por saber que tentei, que dei o meu melhor, que nada além poderia ter sido feito.

Por mim, apenas por mim, dessa vez, será necessário conduzir toda situação desse jeito, desse jeito diferente de todos os outros. Que eu me permita, que sinta fazer o que é certo por agora e depois eu me entendo com todos os meus posteriores pensamentos e avaliações.

Tô tentando, tô cumprindo uma promessa e tô levando a sério essa história toda de ser feliz. Deixa eu me arriscar? Por mim, apenas por mim, deixa eu me arriscar? 

Nada para impressionar, apenas a vontade de ser feliz, e se possível, com alguém que queira, assim como eu, ser feliz também. Quero tentar acertar dessa vez, fazer direitinho, me dedicar, terminar as lições de casa e tirar dez na avaliação final. Quero que dê certo. Quero estar bem, quero ser feliz e quero estar em paz. Quero ter a certeza de que tentei, de que valeu todo o esforço e de que é ele.


quarta-feira, 3 de abril de 2013

A canção da eternidade


Ela, inocente, acreditava que ouvindo aquela música, que o trouxera enviado pelos acordes sonoros e mentais, o teria de volta. E porque acreditava também em destino e na força do pensamento, por todos os dias ativava a mesma trilha sonora e imaginária de um dia de desejos e ilusões.

E assim viveu por muito tempo, reavivando dia a dia lembranças já distantes e perdidas no tempo, recolhendo cacos de sentimentos e recordações gastas pela vontade definhada ao longo do caminho. Mas ela acreditava, e isso, apenas isso, era o suficiente para prosseguir.

Aquela canção tocou por muitos e muitos dias, o replay das mesmas cenas se repetiram incansavelmente, a vontade de reencontrá-lo era renovado a cada manhã, em seu primeiro pensamento do dia, e a crença de que ele voltaria alimentava sua esperança de sonhos fortemente realizados.

E a sua força do pensamento tão grande foi que de fato ele reapareceu, mas de uma forma adversa. Ao contrário do que esperava, ela é que foi levada a ele. Linda ela estava. Um vestido alvo e levemente transparente escondia toda a sua inocência, já a sua felicidade se via estampada num sorriso largo de satisfação e realização. Ela sabia, aliás, tinha certeza de que haviam sido feitos um para o outro, embora ele tivesse sido arrancado injustamente das suas mãos. E de um sonho diário, ela começou a viver o que chamou, naquele momento, de sonho eterno. E embalados pela canção incansavelmente repetida, eles seguiram de mãos dadas rumo a eternidade, de onde jamais poderiam ser retirados.



terça-feira, 26 de março de 2013

Acredite

Ah... se eu pudesse mudar todo o jogo, realocar as peças e articular as jogadas, talvez não haveria choros, tristeza, arrependimentos e vontade de voltar atrás.

Queria ver todo mundo bem, feliz, seguro de suas escolhas e confiante dos passos dados. Tudo parece tão incerto para tanta gente.

Hoje, repensando minhas atitudes, revendo minhas ações e palavras vejo, ainda que limitadamente, por quanta coisa sou responsável. Mesmo que não possa mudar o resultado final de todo o jogo, sou responsável por tantas jogadas. E percebo que de alguma forma posso fazer algumas pessoas felizes. Preciso apenas potencializar todo esse dom.

Seja em uma palavra amiga, em um sorriso sincero, em um aperto de mão, em um abraço apertado, em um convite para ser feliz ou até mesmo na troca de energia via pensamento.

Por tudo isso, decidi, de uma vez por todas, fazer esse mundo melhor, valer a pena a vida e diminuir as dificuldades insistentes. Posso amenizar as dores, enxugar as lágrimas e de alguma forma, fazer valer toda essa existência. Porque naturalmente tudo o que precisamos é crer, é se acreditar e se creditar confiança.

São com pequenos e sinceros gestos que tornamos todo o peso mais leve, toda a dor mais suportável e toda dificuldade justificável. E com o verdadeiro sorriso e com a certeza de dias melhores que seguimos na crença de que nada é por acaso, de que tudo vale a pena e de que nossa existência não é em vão.


domingo, 24 de março de 2013

Meu anjinho torto


Ele me trouxe de volta a deliciosa realidade que me não mais me preenchia. Me trouxe o amanhecer do dia tão raro nos últimos tempos, as divertidas implicâncias já esquecidas pelas dores arraigadas nos poros e nas veias e a vontade de se desejar e se querer bem novamente.

Ao lado dele, meu mundo parou, cada segundo se fez horas, instantes se eternizaram e as significativas lembranças não querem mais me deixar. Ele foi capaz de me fazer sentir importante de novo com tão pouco. Não foram necessários ostensivos elogios tampouco falsas promessas. Por muito menos, ele levou de brinde meu coração e toda a minha admiração.

A vontade ardente de um beijo, a insistente tentativa de um sim, o profundo anseio de se fazer valer a pena naquela noite, a necessidade de reajustar contratos, seu discurso, seus cachinhos, seu sotaque, o senso de humor, a contradição – asas e chifres – tudo isso fez dele meu anjinho torto.

Gozado pensar como em tão pouco tempo ele tenha se tornado tão especial. Apesar de distante, sempre tão próximo e tão presente. Sinto, ainda hoje, resquícios daquela noite tão simples e ao mesmo tempo tão forte. Era ele, tinha que ser ele e não caberia outra pessoa que fosse para preencher aquela comum noite de carnaval.

Mesmo hoje, um tempo depois, posso fechar os olhos e reviver toda aquela sensação de desejo, de vontade, de anseio. Sou capaz de me transportar daqui com uma facilidade assustadora a um momento que tão gostoso efeito me causou. Esse feito, ninguém jamais havia conseguido até ele chegar.

Sei que ele foi meu envidado especial, meu presente de carnaval num momento de dúvidas e esperas. Ele foi capaz de provar o contrário do que revelavam as expectativas, driblar as previsões da posterior rotina, eternizar momentos de felicidade, congelar sorrisos de arrebatamento e fazer um momento qualquer se tornar especial. Além de tudo isso, ele, de forma pioneira, foi o único competente a arrancar verdadeiramente a frase mais sincera e mais bem dita nos últimos tempos: “Te quiero mucho, mi angelito”!









domingo, 3 de março de 2013

Lá se vão



Estou tão cansada de criar e desfazer vínculos. Descobri que sou uma pessoa fácil de se deixar levar. A cada sorriso, a cada convite de amizade, a cada conselho ou numa simples troca de números ou telefonemas já me sinto mais familiar do que o necessário. E desse jeito, carrego para o meu mundo todas as novas companhias que me foram brindadas. 

A parte ruim de tudo isso? Quando essas companhias todas se vão ou quando, forçosamente, pelas circunstâncias da vida, me arrancam delas. Me sinto mutilada, invadida ou desrespeitada por não terem sido consideradas as minhas escolhas. Se algumas delas não me escolheram, tudo bem! Lá se vão elas, bem ou mal, por vontade própria. Mas se a escolha é mútua, por que não permanecermos juntas para sempre?

Ainda que permaneçam nas lembranças, num oi repentino, numa rápida ou demorada ligação ou num encontro vagarosamente planejado, a convivência não é mais a mesma. Nem o colo, nem os conselhos, nem os alertas, nem as risadas, nem... nem ... nem... Ah! Nem... 

E quando se vão, me sinto tão sozinha, tão triste com a saudade em níveis nunca alcançados. E não me importo em começar tudo de novo, mas me machuca pensar que mais uma vez a vida vai me afastar daqueles que escolhi como minhas estrelas.  Ultimamente, esse tem sido meu exercício constante, conhecer meus novos, e de repente não mais novos, companheiros. Aqueles que no final das contas, sempre me deixam. Porque não me querem mais, porque precisaram se distanciar, porque o destino os obrigou a se afastarem, porque eu não pude permanecer, embora quisesse muito, porque talvez a missão dada era a de que deveriam apenas me fazerem feliz por um ano, por um mês, por duas semanas, ou por um dia apenas.

E eu, mais uma vez, sozinha, os vejo ir devagar. E eles, mais uma vez, lá se vão...


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Minha Lelê


Hoje, ao chegar em casa e não encontrá-la, senti um vazio do tamanho da vontade que sentia em revê-la. O sorriso que carregava nos lábios e a expectativa que trazia nas mãos deram lugar à tristeza e à decepção, ao mesmo tempo, por não tê-la comigo em mais um sábado metodicamente planejado. 

Cadê aquele rostinho lindo que me abria um sorrisão quando me via? Cadê minha segura companhia dos finais de semana, em especial, das noites de sábado? Cadê minha música embalada com “sorrindo de mim”, “tomar banho ni mim”, “piscina gosmenta” entre tantas coisas tão típicas? 


Percebo que ela é minha também. Queria poder carregá-la comigo para onde quer que eu fosse, como uma mãe-canguru. Queria poder decidir por ela. Queria ter mais tempo com ela. Queria estar mais presente. 

E hoje, depois de chegar em casa e não encontrá-la a me esperar, descobri que não sou capaz de viver sem ela. Apesar de tão pouco tempo, ela agora já faz parte da minha vida de uma forma tão contundente que não sou capaz de me imaginar sem seus olhinhos de jabuticaba a me olhar, me enchendo de perguntas. Sinto que ela, de alguma forma, se tornou uma extensão de mim mesma, dos meus desejos de felicidade, da minha vontade de vencer e de querer que vençam, da minha imensidão tão contraditoriamente minha.

Ela me faz ser mais feliz, mais criança, mais alegre, mais menina, mais plena. Descubro um novo mundo ao lado dela. Um mundo só nosso, como nos contos de fada. Quero dá-la todo amor existente nesse mundo e quero que ela se sinta muito amada. Quero poder contribuir com todos os recursos que me cabem. Quero vê-la crescer feliz e tê-la como o que de melhor a vida me trouxe. Porque de fato, ela tem estado dentre todas as melhores coisas que a vida me presenteou.